13.12.10

do comunicar

Interessou-me muito em nossa ação coletiva na praça dom orione o movimento em relação à. em relação as árvores, aos pássaros e as pessoas. em relação ao caminho que apareceu no chão. a água que se espalhou do caminhão que lava a praça. o gesto de misturar o que dali faz parte há anos, há dias, por instantes... densidades diferentes, sendo árvore, pássaros, ninhos de papel, sensações, algo que vêm. Interessou-me muito a autonomia das crianças no fazer e a importância e vivacidade ao convidarem as pessoas que por ali passavam a ver e estar (gerou diversos movimentos). Pouco foi previamente combinado. Tínhamos uma direção: ir até a praça, dessa vez com os ninhos, dando a eles um lugar. E, durante 3 horas, estarmos no espaço. Falamos sim de uma certa atenção mais apurada para a presença do corpo de grupo nessa intenção de comunicarmos algo que viemos experimentando no e com o espaço da cidade durante meses. De minha parte, experimentei estar ali menos como professora e numa espécie de "interferência" mínima. A espreita. Me perguntava (antes de lá estar): Conseguiremos hoje entrar num tipo de relação/movimento no qual somos alterados e alteramos criando uma atmosfera outra? Algo, que meses atrás chamei de "acontecimento" e hoje vejo com um certo tipo de acontecimento... uma certa densidade, uma outra dimensão que se abre talvez. Lembrei-me de algumas aulas de dança nas quais instaura-se uma energia de grupo que pode ou não se sustentar, crescer, sumir, esgotar-se, espécie de matéria não visível e absolutamente corporal com aberturas, estreitamentos, estrangulamentos, espaços diversos. Atentar para esse "corpo" coletivo, não apenas formado por nós pessoas, mas por tudo que um espaço compõe, naquele instante, me parece um momento no qual estou. O que conseguimos produzir e sustentar nessa ação? O que se abriu? e o que percebemos disso? * Joyce e Jamily avistam outras crianças.!

habitar a praçA

...me esqueci do nome dela. mas dizia ela sobre o meu: tenho uma amiga, árabe-brasileira de nome amaranta. (!!!!!!!-eu) sim. falo árabe! (!!!!!!!). sou boliviana, trabalho aqui na praça, pois sabe, trabalho tá difícil. mas gosto tanto de línguas que aprendi "arrabe" (fala com uma intonação que adoraria sonorizar aqui). me conta então, num tempo de outro lugar, sobre as muitas amigas árabes que fez desde que chegou em são paulo. fala em árabe. um reinado de nomes antigos se abre. espaço habitado por ninhos, crianças, flores, pássaros, formigas, ventos, cães, espaços, lavadeiros de praça, árrabes, uma conversa de outro mundo, ela, bolivia-japão-arabia-daqui.

2.12.10

convite: habitar a praça

...talvez então outras possibilidades de habitar? o corpo, a rua, um espaço público, aquela "nossa" praça. um convite para estar...