28.10.10

uma praça

....hoje a praça estava leve...cheia de folhas caindo das árvores ( fazendo aquele som de folhas ao vento...). flores roxas povoando o chão...muitas crianças apareceram por lá....movimento, movimento, movimento! um morador de rua dormia na grama, numa leve descida. a praça, toda inclinada pra baixo e com um tempo lento....lento....

16.10.10

pensar o (não) acontecimento (parte 2)

...talvez esse texto venha como uma continuidade de um outro texto que encontra-se nesse blog. Sei que hoje, após apresentação de dança da Lu e do Ibon no Sesc Itaquera falávamos. Um dos pontos que tocamos levou-me a questão presente no dia em que, depois de uma saída a rua com as crianças escrevi o texto falando de algo que não aconteceu. A reflexões de hoje passam por mim como um enxergar de outra maneira o que aqui chamei de acontecimento e por conseguinte de não acontecimento. Parece-me uma outra possibilidade pensar o acontecimento não como algo a ser alcançado ( no sentido de uma expectativa) mas sim como algo que se deu, num espaço x, com aquelas presenças, naquele ar, temperatura, encontros. Pronto! Nem bom, nem ruim, mas sim especificamente este. ou aquele. com uma densidade, um corpo daquele instante, aquele possível. Surge em mim maior necessidade de perceber, e não dicotomizar. Não tomar como referência um outro dia, nem que foi, nem que virá, e sim, ater-se aquele acontecer, que alterações gera. Talvez um trabalho sobre perceber a qualidade de um movimento singular.

14.10.10

Afinal, “quem é habilitado a criar? A resposta de Beuys: aqueles que conhecem a linguagem do mundo, ou seja, você eu...” (Joseph Beuys)

da praça, de hoje

...a praça Dom Orione têm sido nosso local de trabalho insistente. as vezes as crianças querem outro percurso, outro lugar, mas eu insisto na praça ( e essa opção tem um propósito). algumas transformações no espaço foram acontecendo nesses meses: inicialmente muito mais "dormentes" na praça (homens dormindo no coreto ou em baixo do escorregador de madeira). Mais lixo no chão. Nenhuma criança. Eis que começa a trabalhar no local a Ildes (nossa jardineira querida). Varre, conversa, observa, varre de novo. Hoje a praça estava densa, um ar assim, meio parado. O coreto vazio, adolescentes fumando no parquinho de madeira, senhor barbudo jogando pão aos pombos. Ildes varrendo, 4 meninas e eu escrevendo a partir do caminhar e perceber o espaço hoje. Um casal de motoqueiros sentados atrás de nós ficam um tempo e se vão. Um homem cruza a diagonal da praça com andar rápido em nossa direção, sustentando o olhar fixo e sem sorriso em mim. Um outro homem, sentado, alimenta os pombos e nos observa. Joyce, Dalila, Serena e Isabeli escrevem na praça e sobre a praça. Confeccionam pequenos livros. Quando faltam palavras, imagens, correm pelo espaço a procurar.... Meu estado hoje foi de alerta. A praça me pareceu densa demais.

corpo, ambiente e as tantas possibilidades

" Não cabe discutir o lugar, uma vez que ele é de uma plasticidade intolerável, mas sim reconhecer como o transito entre corpo e ambiente, como a porta destas conexões, pode nos levar a um não-territorio bastante complexo: o das intermediações. Este não-lugar onde nada existe de modo acabado, mas as possibilidades de relação se fazem presentes o tempo todo, reinventa a noção de universalidade, de nacionalidade e do que significa estar no mundo." (.... trecho do livro " O Corpo" da Christine Greiner).

13.10.10

*** estado flutuante****

8.10.10

pensar o não acontecimento (?)

Hoje foi um dia de trabalho no qual algo faltou. Não sei se a palavra é exatamente essa e isso de encontrar a palavra para algo é um exercício de deslocamento constante. Escrevo e sei que logo caminho um pouco mais no que se refere ao pensamento que pensa em mim. Sei, continuarei pesquisando, perguntando, percebendo cada dia e conectando e desconectando coisas, porque esse me parece o chão do trabalho com as crianças nesses momento: perceber o que se dá a cada dia de rua, no estar juntos e o que produzimos nesse processo. Hoje parece-me que algo não aconteceu e tento pensar isso fora da dicotomia bom/ruim. Tenho tentado pensar essas alternâncias de presença através de uma lógica do acontecimento; algo que se dá ou não, ali, naquele momento. Algo que acontece ou não. O nosso estar na rua hoje teve uma atmosfera que não alimenta o trabalho. Parece que algo estava fechado em si. Nós na rua como se não existisse rua, pessoas, céu, sons, coisas. Algo de não relação talvez, de não estabelecer conexões entre algo e algo. Tudo que falamos e fizemos remeteu ao que já existe, diferentemente de dias em que algo não tão evidente surge. Hoje as coisas que apareceram se desmancharam rapidamente, não continuaram...como uma matéria que surge e escapa, não conduz a outro e outro movimento e depois a outro...Percebo a diferença entre o estado de quase inércia de hoje, de seguir o que já está dado em relação a outros estados mais vivos/vibrantes, energizantes, criadores. Tento perceber que estado são esses, que diferenças guardam em si. Sinto em meu corpo a diferença entre eles. Sinto no espaço, na percepção do espaço e claro, no que produzimos naquele dia, seja um produto de gesto, de desenho, de palavras, fotografias, pensamentos e/ou tudo isso misturado. E aqui lembrei-me de algo que aconteceu essa semana, na aula de filosofia do Peter Pal. Estava eu, nesse dia, cansada, talvez um pouco flutuante. Nos ultimos minutos da aula algumas palavras me atingiram completamente (estamos estudando Deleuze). Respiração alterada, batimentos cardíacos, fiquei com calor. Algo nasceu ali, se criou, aconteceu (e continuou, continua, está presente, inclusive neste texto). Um encontro? Como se dá? Existe um estado corporal que predispõe os acontecimentos e o nascer de algo? Ou é um susto? Esses estados podem ser ativados? Proporcionados? Buscados? Hoje quero chamar esse exercitar de dança.